Ser humilde é ter a luz dos olhos para as cegueiras que nos cercam, lume para os que a ventania esfarrapou, pão para as bocas da fome; é ter a porta aberta aos vagabundos do mistério.Leonardo Coimbra, in A Alegria, a Dor e a Graça
Ser humilde é também comer o pão que a mão amiga nos estende, pôr o nosso carinho no calor dos outros lares; é levar pelo infinito, a nossa consciência, a tornar humana luz, a fria luz do Espaço.
Ser humilde é escutar atento as palavras que as outras almas dizem; de ouvido em terra, saber ouvir o correr das águas; em suspenso, sentir em nós o tumultuar da vida, alongar-se a alma, crescer, subir, palpar, sob a palavra que os lábios ergue, o infinito frémito do que não foi dito.
Ser humilde é viver a vida diante de Deus, em plena e total comunicação com o que existe; é pôr a comoção dos grandes acontecimentos no episódio mais insignificante; é apagar a banalidade da face do Ser e dar a cada instante, que passa, a presença do infinito que o anima.
É nesta humildade, neste cósmico cristianismo activo, que o fenómeno toca a essência e o tempo se tinge de eternidade.
10/06/11
A humildade
Continuando a dar a conhecer Leonardo Coimbra (para mim, o maior filósofo português do séc. XX), aqui vai mais um excerto... desta vez sobre a humildade, essa esquecida que nos faz tanta falta...
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